Acreditamos que a participação no FSM seja um sinal de fidelidade ao carisma do nosso fundador, São Daniel Comboni, que lutou pela libertação da escravidão e a regeneração da África.

Nos seminários realizados pela Comboni Network, tivemos a oportunidade de apresentar e de dar a conhecer a situação dramática que se está a viver no Sudão do Sul, na República Democrática do Congo e no Brasil, tendo dado particular destaque ao compromisso por uma paz justa, ao esforço pela transformação social e à resistência das populações locais às violações dos seus direitos sociais e ambientais.

Nos seminários, fizemos também uma análise a alguns temas de grande actualidade, tais como o açambarcamento de terras, o tráfico de seres humanos e as alterações climáticas globais, evidenciando o trabalho de advocacy para uma estratégia de intervenção também global.

Devido à prática discriminatória dos Serviços de Imigração do Canadá, o visto de entrada foi negado a muitos cidadãos dos países da África e da Ásia que desejavam participar no Fórum. A sua ausência foi uma grande perda para o evento que se realizava, pela primeira vez, em uma cidade do Norte do mundo. Desta feita, não se fizeram ouvir as vozes de tantas pessoas do Sul do mundo que poderiam ter desinquietado a opinião pública sobre as consequências negativas das políticas económicas neoliberais nos seus países e ter-nos feito participar do mesmo sonho das associações que lutam por uma paz justa e uma economia sustentável.

Constatamos ainda, com alguma tristeza, a falta do envolvimento da Igreja católica local no Fórum. Em contrapartida, notou-se uma maior participação de religiosos e, em particular, de religiosas nas actividades do FSM.

Consideramos fundamental que a Igreja local se comprometa activamente na preparação e na realização dos próximos Fóruns Sociais para que se possa associar às actividades pela Justiça, Paz e Integridade da Criação (JPIC), levadas a cabo por tantos nossos irmãos e irmãs cristãos do mundo inteiro.

Apesar dos limites organizacionais constatados durante o FSM, em Montreal, continuamos a acreditar que seja importante manter e reforçar o nosso compromisso, como Família Comboniana, participando nos próximos Fóruns, lugares privilegiados de encontro e de troca de experiências entre aqueles que acreditam e trabalham juntos por um outro mundo possível.

Acolhemos o desafio do Papa Francisco que na encíclica Laudato si’ convida a Igreja a escutar o grito da Terra e dos pobres e a unir-se a todas as pessoas de boa vontade para realizar a globalização da solidariedade e assumir o cuidado da casa comum.

Às missionárias e aos missionários combonianos propomos que:

• O nossos Institutos se comprometam mais na preparação do próximo FSM e do Fórum Mundial de Teologia e Libertação, aprendendo da reflexão e da praxis de outros grupos e organizações e oferecendo a nossa experiência missionária entre os mais pobres;
• a participação no FSM de combonianas e combonianos comprometidos com a JPIC se torne cada vez mais em um compromisso formal, assumido por ambos os Institutos. No contexto de mudança da estrutura das Direcções-Gerais e dos Secretariados dos nossos Institutos, seja garantida a continuidade do envolvimento da Família Comboniana. Especificamente, apoie-se a nomeação de uma equipa duradoura que coordene a interacção comboniana com o FSM, criando também, para o mesmo fim, um fundo intercongregacional ad hoc. Assim, a participação no FSM poderá tornar-se em um processo contínuo de renovação da nossa experiência missionária;
• se aprofunde a nossa colaboração com a Comissão de JPIC da UISG e USG, se intensifique o diálogo com o Pontifício Conselho Justiça e Paz e o compromisso nas organizações VIVAT International, AFJN e AEFJN;
• o compromisso comboniano no âmbito de GPIC se estenda à teia dos movimentos sociais, que trabalham nas redes locais, nacionais e internacionais;
• os nossos meios de comunicação – Nigrizia, Mundo Negro, Além-Mar, ComboniFem, etc – tornem-se veículos dos valores e dos desafios do FSM, através de uma adequada informação;
• o percurso formativo comboniano esteja aberto aos compromissos específicos das nossas circunscrições no sector de GPIC e à experiencia do FSM, para ajudar os nossos jovens formandos a defrontarem-se mais facilmente com os desafios do mundo hodierno.

Montreal, 14 de Agosto de 2016